Revista TH Dezembro / Janeiro - 2018 / 2019
16 • A Revista Oficial da Terapia Holística A festa de natal convoca cada um para que assuma seu lugar na família. A ceia presente ou ausente, mais ou menos lauta ou festiva, termina sendo para todos uma espécie de teste. Durante o ano podemos variar e ensaiar posição frente à família, mas na festa de natal o peso dos lugares está dado. Para os namorados em qual família passar é um drama, para os solteiros ainda maior pois lhes é cobrado, ainda que ninguém lhe diga nada, a sua solidão. Sabemos todos que é ali o dia de mostrar as melhores intenções quanto à continuação da família. (Extraído do “Correio da APPOA”, número 64) Porém, a sociedade “exige” que se festeje esse período, pressionando quem “ouse” estar em outra“sintonia”emocional. Entes queridos e próximos se esforçam para “impor felicidade”, via de regra, na melhor das intenções, mas impedem a pessoa de vivenciar sua tristezae, por consequência, de elaborar os acontecimentos e “crescer” com o processo. Este período de festas também “exige” família perfeita, completa e harmoniosa, c o m p a r t i l h a n d o presentes, refeições, sorrisos e abraços. Mas, o que fazer com todas as brigas, os traumas, as mágoas, as agressões (emocionais e físicas nos mais variados níveis de gravidade...) ? Apesar da incontestável beleza do ideal do perdão, a realidade deve ser aceita de que a superação vai muito além da intenção. Quantos relatos já presenciei, em consultório, do terrível sofrimento de pessoas que se viram obrigadas a permanecer, lado a lado, junto a seus agressores, por serem “família” e estarem “festejando”, tudo em nome do “espírito natalino”. E ainda “exigiam” sorrisos e abraços a serem sobrepostos ao pavor, ao ódio, à humilhação sentidas... Em menor grau de traumaticidade, existe outras “cobranças” sutis que afloram nestes momentos em que se exije a “família padrão” propagandeada pelos meios de comunicação: os solteiros, os casais sem filhos, os que ainda não decidiram pela carreira ou optaram por uma não convencional... Enfim, todos que não se enquadram no “retrato padrão” tendem ao sentimento de rejeição.
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