Revista TH Novembro - Dezembro - 2019

A Revista Oficial da Terapia Holística • 11 Traz consigo sistemas organizados e que estão prontos a funcionar numa forma especificamente humana; e isto ele deve a milhões de anos de desenvolvimento humano. Da mesma forma como os instintos dos pássaros de migração e construção do ninho nunca foram aprendidos ou adquiridos individualmente, também o homem traz do berço o plano básico de sua natureza, não apenas de sua natureza individual, mas de sua natureza coletiva. Esses sistemas herdados correspondem às situações humanas que existiram desde os primórdios: juventude e velhice, nascimento e morte, filhos e filhas, pais e mães, acasalamento, etc. Apenas a consciência individual experimenta estas coisas pela primeira vez, mas não o sistema corporal e o inconsciente. (The Collected Works of C. G. Jung, Vol. 4). Em sua obra “Psicologia e Religião”, Jung compara o inconsciente coletivo a ‘’um Olimpo cheio de divindades que querem ser propiciadas, servidas, temidas e veneradas”: São os Arquétipos e os Complexos Autônomos, registrados pela humanidade em sua mitologia, cultura, história e religião, verdadeiros centros autônomos de energia, multiplicidade regida por uma “central”, o Self (conceito traduzido simploriamente como “Si-Mesmo”...), que constitui a totalidade do universo psíquico. Os Complexos são vistos como sendo as estruturas básicas da psique, são por assim dizer os seus “órgãos vitais”, em que se assentam os conflitos, tanto pessoais, quanto de ordem coletiva, ou seja, arquetípica. São unidades “vivas” e capazes de existência autônoma, como “almas parciais” ou personalidades fragmentadas que “pensam” e sentem diferentemente do Ego (que igualmente é um Complexo, só que consciente...), por isso têm atuação perturbadora sobre a consciência, todas as vezes que é constelado (manifestado…). Complexos são estruturas normais da psique e só se tornam problemas quando o Ego não consegue diferenciar-se deles, nem lhes dar uma expressão criativa. Por trás das características pessoais do Complexo há uma ligação com as experiências típicas da humanidade, os Arquétipos, que são como que idéias universais, padrões de comportamento, histórias pré-existentes, que se manifestam nos sonhos e nas artes, uma verdadeira linguagem do inconsciente. Enquanto os Complexos constituem configurações específicas, verdadeiras personalidades autônomas “habitando” em nosso inconsciente, por sua vez, os Arquétipos são pura potência, matrizes pré-existentes na coletividade humana. Podemos tecer uma analogia do Inconsciente Coletivo com um cristal com uma infinidade de facetas, que, ao girar possibilita ao nosso consciente perceber somente uma por vez, costumeiramente revelada nos sonhos.

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